A Sereia Alternativa – vídeo oficial da SECOM

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Um desvio no caminho tradicional

A palestra de encerramento da 35ª Semana de Comunicação da UFSM foi ministrada por um prata-da-casa: Marcelo Canellas, repórter especial da TV Globo radicado em Brasília, formado pela Faculdade de Comunicação Social (FACOS) no final da década de 1980. Representante de um meio tradicional e massivo, Canellas aparentava ser o nome mais destoante da proposta desta SECOM, a de mostrar um viés alternativo à comunicação tradicional. A impressão, contudo, se desfazia a cada minuto das suas longas reportagens que evidenciavam realidades brasileiras bastante comuns e que, por isso mesmo, não costumam ganhar espaço na grande mídia – como a fome. Os chamados “anti-furos”, nas palavras do palestrante.

Marcelo Canellas encontrou um auditório completamente lotado e muitos questionamentos – perguntas que variaram desde a curiosidade sobre seu estilo pessoal de fazer jornalismo (como a forma de abordar as fontes e conversar com elas) até sobre eventuais censuras sofridas internamente na Globo. O palestrante ainda aproveitou para lembrar os tempos em que presidia o Diretório Acadêmico Mario Quintana (DACOM) da UFSM, que hoje organiza a SECOM, e contar sobre como os estudantes de Jornalismo da FACOS puderam passar a ter um programa próprio na Rádio Universidade – nos idos dos anos 80, um protesto do Diretório incluiu a invasão do prédio da Reitoria, onde se localiza a Rádio, e um acampamento nos estúdios até que o reitor garantisse aos acadêmicos um espaço na emissora.

Cravejada de aplausos, a fala de Marcelo Canellas foi caracterizada pela intenção de fazer um jornalismo diferenciado, ainda que dentro dos meios tradicionais, seja pela temática, pela abordagem ou pelo enfoque conferido pelo repórter. Como maior exemplo desse desvio no que comumente aparece nas televisões, Canellas mostrou um trecho do programa Brasileiros, partido de uma ideia sua e que estreou este ano na grade da emissora – ainda que em horários mais difíceis de serem acompanhados pelo público, o fato de ter modificado a programação de um canal como a Globo já se tratou de “uma vitória”, na opinião do jornalista.

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Outra forma de fazer publicidade

Patrícia Saldanha, professora da Universidade Federal Fluminense, veio à Santa Maria para participar da 35ª Semana Acadêmica da Comunicação da UFSM. Além de ministrar a oficina “Planejamento de Campanha” durante dois dias, a publicitária foi a responsável pela palestra “Publicidade Comunitária”, no último dia do evento.

O foco da palestra foi a publicidade contra-hegêmonica, voltada para suportes alternativos. Segundo a publicitária, a incapacidade das pessoas em aceitar a publicidade foi o gancho que a fez direcionar seu trabalho para esse campo de pesquisa e atuação. Os próprios publicitários têm um grande preconceito com a publicidade comunitária, pois não enxergam o quanto ela enriquece a comunidade e o aprendizado do profissional. A palestrante alerta para o poder que a publicidade e a mídia têm de mudar o comportamento das pessoas, especialmente o dos jovens.

Patrícia fez uma palestra leve e descontraída. Seus exemplos eram sempre pertinentes e a palestrante mostrou-se dona de um humor peculiar. Durante sua fala, confessou estar apaixonada pela região e pela culinária: “Nesses dias que estive aqui, andei fazendo uns passeios pela região. Tirei várias fotos. Descobri que existe a cuca alemã e a cuca italiana. Me apaixonei e comprei várias. Sabe Deus como levarei isso na mala” (risos).

Kamila Baidek e Marlon Dias

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O jornalismo literário em cena

O último dia da SECOM começou com a segunda parte da oficina “Jornalismo Literário no Cinema” ministrada pelo professor da UFSM Paulo Roberto Araújo. Os alunos assistiram ao documentário Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho, e nele observaram diversas características do jornalismo literário, tais como mudança de foco narrativo, história oral, diálogo e descrição.

O longa retrata a história da liga camponesa através da família de João Pedro Teixeira, um dos líderes do movimento. Coutinho fez parte do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi através desse trabalho que iniciou a produção do filme. Porém, a pressão do regime militar fez as filmagens pararem. Apenas em 1981 foi possível continuar o trabalho.

Os alunos que compareceram nos dois dias de oficina conseguiram estabelecer as semelhanças e diferenças entre a película de Eduardo Coutinho e Santiago de João Moreira Salles exibida na quinta-feira. E também puderam constatar uma forma diferente de fazer jornalismo literário: cinema.

Lara Machado

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Curtas latinos conquistam espaço

A 35ª Semana Acadêmica da Comunicação da UFSM recebeu na noite de quinta-feira a professora argentina Myriam Duarte, que ministrou a palestra “O Cinema Latino-Americano e o Festival Internacional de Curtas de Oberá (Argentina)”. Formada em Tecnologias da Educação, a palestrante, além de dar aula para crianças, trabalha na organização deste festival, que passou a ser um dos mais importantes de seu país.

Oberá é uma cidade na província de Missiones (Argentina) e, ao contrário das cidades de Buenos Aires, Córdoba e Rosário, não é um pólo da cultura cinematográfica. Ou melhor, não era. A equipe na qual Myriam trabalha tomou a iniciativa de criar um Festival que valorizasse os curtas-metragens experimentais, produzidos por quem tinha uma ideia na cabeça, mas precisava de uma câmera na mão.

Mas o Festival não consiste apenas numa mostra dos curtas selecionados. Um dos destaques são as oficinas realizadas para melhorar a qualidade dos profissionais que trabalham com cinema. Além disso, o Festival conta com o Fórum Entre Fronteiras, espaço de discussão sobre as políticas que regem o campo das produções audiovisuais, não só na Argentina, mas também no Brasil e no Paraguai.

Duas outras iniciativas são apontadas por Myriam como sendo as mais interessantes do Festival de Curtas: a primeira é o Cine Móvel, que realiza exibições públicas dos filmes para as pessoas que não tem acesso; a segunda é o Cine Joven, um projeto que capacita os jovens a desenvolver curtas-metragens. Uma agradável surpresa, segundo a palestrante, foi descobrir que temática ambiental é a que desperta maior interesse entre os adolescentes. “Trabalhar com jovens é a maneira de desenvolver o que eu aprendo e, além disso, eu encaro esse trabalho como uma responsabilidade social”, completa Myriam.

A palestrante exibiu alguns dos curtas participantes das últimas edições do festival, entre eles “Túneles en el río”, vencedor da categoria melhor curta de 2009. Myriam ressaltou que fazer cinema é um trabalho coletivo e que a união da equipe é o elemento fundamental para se obter um bom produto final. Esse companheirismo, aliado à criatividade e disposição transformaram aquele pequeno festival local de curtas num dos mais importantes festivais de cinema da Argentina.

Para mais informações sobre o Festival Internacional de Curtas de Oberá, acesse: www.oberaencortos.com.ar

Kamila Baidek e Marlon Dias

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Relatos desde Honduras

No final da tarde de quinta-feira, às 18 horas, foi a vez de Rodolfo Mohr subir ao palco no Auditório do CCNE, no Prédio 17, para ministrar sua palestra “Honduras: entre o Golpe de Estado e a Resistência Popular”.

Formando em jornalismo pela UFRGS e militante político, Rodolfo iniciou sua conversa com os estudantes na UFSM relatando como surgiu a oportunidade em meio à crise política que estava ocorrendo naquele país. O palestrante argumentou que sua ida para Honduras foi custeada por amigos e parentes. Em sua fala, Rodolfo ainda destacou o modo como a imprensa internacional relatava os fatos de lá. O maior objetivo em viajar para a América Central era entender de fato como estava ocorrendo o golpe e o que a população reivindicava – levando uma comunicação alternativa da situação caótica vivenciada em Honduras.

Quando a palestra se encaminhava para seu final, Rodolfo Mohr destacou um momento que o marcou na viagem. Num ato pouco divulgado pela mídia internacional ao redor do mundo, Oscar David Montesino, um menino de dez anos, tornou-se símbolo da oposição ao golpe ao discursar com uma contundência surpreendente para a idade, diante das câmeras. Para conferir o vídeo, clique aqui.

A fala de Rodolfo Mohr foi marcante para que os presentes pudessem entender os processos de comunicação que não expõem os fatos da melhor maneira possível, omitindo ou falseando a realidade.

William Vinderfeltes

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Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento: o Jornalismo Independente

“O sol se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas, em cardinales bonitas…” cantou Caetano Veloso ao mito do jornalismo independente brasileiro – o jornal O Sol. E foi Larry Wizniewsky o responsável por resgatar a história e os aspectos desse tipo de publicação.

Formado em Jornalismo e em Letras pela UFSM, Larry levou os participantes, através de diversos vídeos, ao que considera como o mais interessante no jornalismo independente: o contexto histórico. Pelo auditório do CCNE passaram O Homem do Povo, O Sol, O Pasquim, O Bondinho, Outra Coisa, Poder e até mesmo Regina Casé e Patrícia Travasos. E o professor liga tudo: “Eu não sei se não estou falando da mesma coisa”, mas para ele parece que o jornalismo independente de décadas atrás parece ser quase o mesmo dos dias de hoje.

O fato é que para uma mídia ser considerada independente ela depende de três fatores: economia, linha editorial e circulação. Anos atrás isso era difícil, hoje a situação continua sendo a mesma. Para Larry, o problema ainda é com a falta de gerenciamento dos jornalistas.

Iguais ou não, o jornalismo independente atual ainda passa por obstáculos como o de ontem. E assim como antes, ele renova-se, adapta-se ao contexto social, afinal “a imprensa independente é a resposta ao momento em que vivemos”.

Lara Machado

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FLUXO: arte e tecnologia na SECOM

Na tarde de quinta-feira, o público que compareceu ao Teatro Caixa Preta pôde conferir um show de som e imagem realizado pelos artistas Fernando Codevilla e Rafael Berlezi. A performance artística Fluxo chamou tanto a atenção dos participantes da 35ª SECOM e curiosos que ali se encontravam, que foi necessário realizar uma segunda sessão.

A intervenção artística consistia num telão, no qual eram projetadas imagens sobrepostas, embaladas por uma música sujeita aos caprichos do artista, que na mesa a manipulava com sintonizadores e teclado. Durante quarenta e cinco minutos, o público ficou imerso na sequência de imagens acompanhadas pela trilha sonora hipnótica de Fluxo.

A performance mostrou o homem controlando a máquina e, a partir dela, produzindo arte. Foi a fusão da criatividade e sensibilidade dos artistas com a tecnologia, que resultou na videoarte final. O mais interessante de tudo é que a produção é feita na hora, tanto a sobreposição das imagens como a escolha da música. Ou seja, cada apresentação é única. Foi o que o público que acompanhou as duas sessões pôde concluir.

As pessoas saíram chocadas, perturbadas e questionando-se sobre o que tinham acabado de ver. E era exatamente essa a intenção dos artistas: fazer com que as pessoas assistissem àquela videoarte (sem roteiro algum), encarando-a como única e enxergando aquele momento como um tempo que não volta mais.

Marlon Dias

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Quanto valem cinco centavos?

No início da tarde da quinta-feira, 21, quem ficou a cargo de assumir o microfone e comandar mais uma palestra da 35ª SECOM foi Caroline Brum, professora de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), com a palestra intitulada “Será que vale cinco centavos? Uma experiência em ficção seriada”.

A fala da professora mostrou de que forma já na graduação os alunos podem aprender uma comunicação alternativa e popular. Caroline explanou que o projeto “Cinco centavos” surgiu da cadeira de Redação em Publicidade III da UNIFRA, que envolve uma produção audiovisual feita pelos alunos da instituição. Esta série de audiovisual consiste em uma mini-novela de dez capítulos com tema central “vida de estudante em Santa Maria”. A palestrante deixou claro que toda a produção alternativa tem que fugir dos padrões “Globo” para atingir o máximo de público.

O nome “5 centavos” surgiu da ideia de trazer o cotidiano universitário para a temática central. Segundo Caroline, o título veio do preço do Xerox em Santa Maria na época. Todo o processo de produção da mini-novela foi elaborado pelos alunos da instituição.

William Vinderfeltes

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It’s only rock’n’roll

O Rock, mais que um gênero musical, foi um movimento que influenciou o estilo de vida, a linguagem, a moda e a atitude das pessoas. Por isso, ele também teve seu espaço na 35ª Semana Acadêmica da Comunicação da UFSM.  “Uma viagem ao mundo do Rock: onde tudo começou e para onde vamos” foi a oficina ministrada pelo músico, escritor e coordenador da programação da rádio Itapema FM Márcio Grings.

A boa música fez-se presente no prédio 67 da UFSM na manhã de quinta-feira e por lá passaram Elvis, Beatles, Janis, Stones, Dylan e tantos outros. Grings, que é um conhecedor e apreciador de Rock, iniciou sua fala levando os ouvintes a uma viagem aos EUA dos anos 1940, para mostrar onde tudo começou. Já naquela época, Hank Williams fazia uma música que se assemelhava muito ao que viria a ser o Rock’n’roll. Misturando elementos do country, folk, blues, gospel e jazz, o Rock tomou forma na década de 1950 e teve como seu maior expoente o cantor Elvis Presley.

Márcio Grings contou como o Rock chegou ao Brasil, na década de 1950, com a gravação de Rock around the clock, pela cantora de samba-canção Nora Ney. O primeiro sucesso do rock genuinamente brasileiro foi a música Estúpido Cupido, de Celly Campello. Depois veio o fenômeno da Jovem Guarda, que para o oficineiro não pode ser considerado como um rock verdadeiro, já que eram feitas apenas versões das músicas estrangeiras. O Rock ganhou vida no Brasil já no final da década de 1960, com o som inovador e debochado dos Mutantes.

O Rock nos EUA era a expressão da rebeldia. Enquanto isso, na Inglaterra, o Rock nascia de um modo comportado, com os garotos engravatados de Liverpool. Os Beatles revolucionaram a música e tornaram-se a banda mais aclamada do século. Eis que nos EUA, surge Bob Dylan, cantor que se sagrou com suas letras de protesto. “Se os Beatles deram corpo ao Rock, Dylan deu o cérebro”, finalizou Grings.

A oportunidade de conhecer nomes como os de Hank Williams, Robert Johnson e Skip James, que podemos chamar de precursores do Rock’n’roll, foi um dos pontos altos da oficina de Grings. O público presente reagia a cada música mostrada pelo oficineiro, fosse cantando, balançando a cabeça ou fazendo movimentos ritmados com o pé. Depois do resgate da história do Rock feito por Grings, o público estava apto a responder a pergunta inicial do palestrante: “De onde veio o Rock?”. Mas, para onde vamos? Bom, a resposta, meu amigo, is blowing in the wind.

Marlon Dias

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